Continuando a minha pesquisa com negativos de papel, fui inspirada pelo trabalho da artista Andréa Brächer a testar uma técnica bem simples: o negativo de papel vegetal.
Brächer explorou belamente esta técnica em algumas de suas séries fotográficas que abordam o imaginário infantil. Vale conferir Fairies e Hauted House.
Para fazer esses negativos, simplesmente imprimi em papel vegetal as imagens negativas, usando minha impressora jato de tinta. A princípio já dá para ver que o material é mais transparente que o papel encerado, além de mais fácil de fazer. Escolhi propositalmente duas imagens com pouco contraste, para sentir a dificuldade de revelar com este tipo de negativo.
À esquerda, negativos de papel encerado. À direita, de papel vegetal. |
Os testes que fiz usando cianótipo foram promissores! Não costumo fazer tira de testes com frequência por trabalhar com luz natural, que é muito variável, mas às vezes o teste ajuda mesmo assim. Para começar a usar esse tipo de negativo, achei importante fazer a tira de testes - na verdade, foi a imagem inteira.
"Tira" de testes |
A imagem aparece com listras verticais, mostrando que cada coluna desta foi exposta com um tempo diferente. Fiz as exposições com intervalos de 5 minutos, então a coluna mais clara ficou cinco minutos no sol e a mais escura ficou 25 minutos. Aí cabe ao fotógrafo/ artista decidir qual foi o tempo de exposição que apresentou um resultado mais interessante. Eu fiquei na dúvida entre os 10 e 15 e acabei optando por 10 minutos para não escurecer demais o céu. Poderia ter escolhido também um meio termo, 12 ou 13 minutos.
Então, com 10 minutos de exposição, consegui estas imagens:
Como você pode ver, as imagens têm baixo contraste e não são tão nítidas. Mas isso pode ser diferente usando imagens mais contrastadas.
O negativo ficou com ondulaçoes por ficar muito tempo no sol, o que ocasionou marcas verticais na imagem da paisagem rural. Então percebemos que ser negativo não é tão resistente mas é propício para intervenções.
A paisagem urbana ficou um pouco mais clara, até parece transparente e imaterial. Dá a impressão de ser uma imagem bem mais antiga do que é, como uma memória que está se apagando. Novamente o resultado é interessante, dependendo do que se busca.
Também realizei testes com goma bicromatada, mas este processo continua sofrível! A da direita foi feita em um papel impermeabilizado, e a goma descolou quase completamente. E nas outras o resultado não é muito melhor... Vai ficando evidente que para fazer a goma é necessário um negativo com mais contraste. Ainda existe a possibilidade de testar o negativo de papel vegetal com uma imagem mais contrastada, mas esse experimento é algo para outro dia.
Para o cianótipo, porém, o negativo de papel se mostra uma alternativa simples e barata com resultados satisfatórios. Vou incorporar este tipo de negativo em meus trabalhos!