Assentamento, Rosana Paulino. Imagem transferida sobre papel, grafite e aquarela. 37,5 x 27,5 cm. 2012. Foto daqui: www.rosanapaulino.com.br |
No último post comecei uma discussão sobre a necessidade de trazer mais diversidade para a arte. Nada mais justo do que começar a fazer a minha parte aqui! O blog tem a proposta de trazer também o trabalho de artistas que me inspiram, então começo hoje apresentando a arte de Rosana Paulino.
Conheci o seu trabalho pesquisando artistas que usam técnicas alternativas de fotografia. Ela sobrepõe técnicas diversas, como desenho, gravura, fotografia e bordado. Usa esses procedimentos para criar uma obra com conteúdo político, questionando a situação dos negros em nossa sociedade, e em especial da mulher negra; e levanta questões relacionadas a violência doméstica, que afeta principalmente (mas não apenas) as negras.
De produção contemporânea, ela se difere dos artistas negros do modernismo, que tinham como tema a religiosidade africana, o ambiente mais rural etc. Rosana Paulino é uma artista negra urbana, e aborda temas mais próximos a ela, com a vivência de alguém que cresceu em São Paulo.
Conheci o seu trabalho pesquisando artistas que usam técnicas alternativas de fotografia. Ela sobrepõe técnicas diversas, como desenho, gravura, fotografia e bordado. Usa esses procedimentos para criar uma obra com conteúdo político, questionando a situação dos negros em nossa sociedade, e em especial da mulher negra; e levanta questões relacionadas a violência doméstica, que afeta principalmente (mas não apenas) as negras.
De produção contemporânea, ela se difere dos artistas negros do modernismo, que tinham como tema a religiosidade africana, o ambiente mais rural etc. Rosana Paulino é uma artista negra urbana, e aborda temas mais próximos a ela, com a vivência de alguém que cresceu em São Paulo.
Série Bastidores, Rosana Paulino. Imagens transferidas sobre tecido, bastidor e linha de costura. 30cm diâmetro. 1997. Fotos daqui: www.rosanapaulino.com.br/ |
Ela começou os trabalhos artísticos através do desenho e da gravura, mas logo se sentiu limitada por esses meios. Decidiu então trabalhar também com a fotografia, para lidar com as questões relacionadas ao racismo. Arrisco dizer que por conta da impressão de verdade absoluta transmitida pela fotografia (mesmo que as pessoas saibam que essa "verdade" pode ser manipulada ao extremo!).
Na série Bastidores, artista transfere quimicamente imagens fotográficas, que no original eram fotografias 3x4 de mulheres negras, de sua família. Essas imagens foram manipuladas e bastante ampliadas (o trabalho final tem 30 cm de diâmetro), e depois transferidas para tecidos esticados em bastidores. As imagens ficam um pouco borradas, indefinidas. Como algo que está se apagando, ou como uma aparição, algo não dito, apenas sugerido. Posteriormente foram feitos bordados, criando costuras em seus olhos, bocas, gargantas. Cria assim a imagem de mulheres que não podem ver seu lugar no mundo, que não podem falar sobre o que acontece, que trazem um nó na garganta.
Os materiais aqui são domésticos, de uso quase exclusivo femininos, como os bastidores, a linha de costura. A artista traz esse confronto de ideias, para abordar a contradição da realidade de muitas mulheres, cujo ambiente doméstico é seguro, "bucólico", apenas na aparência. É uma obra chocante, necessária para trazer à tona um tema pesado como esse.
Na série Bastidores, artista transfere quimicamente imagens fotográficas, que no original eram fotografias 3x4 de mulheres negras, de sua família. Essas imagens foram manipuladas e bastante ampliadas (o trabalho final tem 30 cm de diâmetro), e depois transferidas para tecidos esticados em bastidores. As imagens ficam um pouco borradas, indefinidas. Como algo que está se apagando, ou como uma aparição, algo não dito, apenas sugerido. Posteriormente foram feitos bordados, criando costuras em seus olhos, bocas, gargantas. Cria assim a imagem de mulheres que não podem ver seu lugar no mundo, que não podem falar sobre o que acontece, que trazem um nó na garganta.
Os materiais aqui são domésticos, de uso quase exclusivo femininos, como os bastidores, a linha de costura. A artista traz esse confronto de ideias, para abordar a contradição da realidade de muitas mulheres, cujo ambiente doméstico é seguro, "bucólico", apenas na aparência. É uma obra chocante, necessária para trazer à tona um tema pesado como esse.
Parede da Memória (detalhe), Rosana Paulino. Técnica mista sobre tecido. 8 x 8 x 3cm. 1994. Foto daqui: istoe.com.br/445569_O+ACERVO+DIANTE+DO+ESPELHO |
Já a obra A Parede da Memória, que está no acervo da Pinacoteca, surgiu de objetos que fazem parte da história da própria artista. Quando criança, na sala de sua casa havia um patuá, um pequeno objeto de tecido costurado retangular, que ficava no alto, protegendo o ambiente. Em sua casa também havia uma caixa de fotografias que ela gostava muito de olhar. Era de certa forma a história de sua família. Rosana decide recriar o patuá com imagens desta caixa de fotografias. Escolheu 11 imagens e reproduziu em grande quantidade. Aparecem repetidas, algumas coloridas manualmente, outras em preto e branco. Formam assim um jogo que remete ao jogo da memória. Essa instalação chega a 1300 peças, criando uma multidão de negros que simplesmente não pode ser ignorada. São histórias que precisam ser contadas e rememoradas, combatendo o apagamento a que os negros estão submetidos na sociedade brasileira.
Parede da Memória.
foto daqui:
www.contemporaryand.com/magazines/the-art-of-the-black-atlantic-ii
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Para quem quer conhecer mais da visão da artista, vale a pena conferir seu site oficial!
Atlântico Vermelho, Rosana Paulino. Foto: Amanda Branco. |
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