Precisei dar um tempo no blog, e agora estou de volta. Consegui resolver outras coisas como o tão esperado (por mim pelo menos!) site oficial. Se você ainda não viu, pára tudo e vai lá:
Agora vou compartilhar os primeiros experimentos que realizei com clichê verre. O clichê verre é uma técnica híbrida que nasce do encontro da fotografia com a gravura. A matriz é feita com uma chapa de vidro (também pode ser de acrílico ou acetato), que será pintada com tinta preta. Posteriormente o desenho será gravado nela, riscando-se a tinta com uma ponta seca.
Eu achava que seria mais complicado, pois havia visto no livro Fotografia Pensante a recomendação de usar tintas de gravura. Mas recentemente a artista e gravurista Néia Martins (confira a beleza do trabalho dela aqui: https://www.instagram.com/neiavancatarina/) me deu a dica de que é possível fazer com nanquim, material que eu já tinha em casa, o que tornou o processo bem simples.
Então esses foram os procedimentos: apliquei uma camada de nanquim em uma chapa de vidro. Primeiro tentei com nanquim escolar da marca Acrilex, e não deu funcionou muito bem. A cobertura ficou ruim e fiz uma segunda camada, que ficou ainda bem irregular, e algumas áreas simplesmente não secavam, a tinta não aderiu bem ao vidro.
Então usei um nanquim profissional, da marca Talens. A chapa não parecia muito uniforme e eu tentei aplicar uma segunda camada, mas logo percebi que não ia dar certo pois estava estragando a camada de baixo. Então trabalhei com apenas uma camada mesmo.
Preparo da matriz para gravação. |
Com o nanquim escolar: pouca aderência |
O plano era fazer um desenho com algum lápis que aparecesse sobre o fundo preto, e depois gravar usando uma ponta metálica. Eu não tenho a ponta seca específica para gravura em metal, então procurei alternativas. Usei um lápis sépia para desenhar e para minha surpresa, aplicando alguma pressão ele arranhou o naquim, produzindo incisões com traços grossos. Para detalhes finos usei uma ponta de compasso, que funcionou muito bem, produzindo um traço bem mais fluido que o lápis.
Um detalhe importante: se você for trabalhar com chapa de vidro, eu recomendo espelhar o desenho antes de gravar. Assim, na hora de expor à luz o lado da gravação pode ficar para baixo, garantindo que esteja em contato com o papel. Se o lado da gravação ficar para cima, há o risco de perder nitidez devido à espessura do vidro.
Gravando com um lápis! |
Detalhe da chapa gravada |
Com a chapa pronta, era hora de fazer os testes. Revelei usando cianótipo sobre papel e sobre tecido. Eu pensava que no tecido os detalhes mais finos poderiam se perder, mas curiosamente eles ficaram mais marcadas do que no papel, produzindo um desenho mais contratado. Porém os dois resultados ficaram satisfatórios. Considerando que eu já tinha os químicos de cianótipo, o processo se mostrou uma gravura a um custo bem baixo, além de ser muito fácil reutilizar as chapas: basta lavar com água (portanto, se não quiser estragar a matriz gravada, não deixe molhar!). A técnica pareceu bem promissora, e já vejo possibilidades de unir os desenhos em vidro com negativos fotográficos ou fotogramas! Mais possibilidades criativas surgindo!
Revelação em cianótipo sobre papel |
Revelação em cianótipo sobre algodão |