Hoje gostaria de voltar ao início, e falar sobre a primeira série fotográfica que realizei com processos artesanais, a Serpente. Esse trabalho começou em 2008, com uma pesquisa que eu estava fazendo na faculdade sobre culturas indígenas, e em especial a pintura corporal. Quis fazer uma releitura dessas pinturas no meu próprio corpo, registrando em fotografia. Mas logo percebi que, nesse trabalho, a fotografia não era apenas um registro, mas a própria obra. Por sugestão do professor que estava orientando o projeto, Agnus Valente, comecei a revelar as imagens com a técnica Van Dyck Brown, que eu já mostrei nesse post. Nesse momento não tive resultados satisfatórios, foi só o primeiro contato.
Eu queria representar nas imagens uma espécie de ritual solitário, algo que se aproximasse de uma sessão de yoga, um momento de se conectar consigo mesmo. A propósito, yoga
em sânscrito significa justamente união, reunir. Então, eu fui criando uma mistura que eu nem imaginava, unindo pintura corporal com yoga, e depois a fotografia artesanal. Mal sabia eu que continuaria pesquisando esse processo por quase 10 anos, até o momento!
em sânscrito significa justamente união, reunir. Então, eu fui criando uma mistura que eu nem imaginava, unindo pintura corporal com yoga, e depois a fotografia artesanal. Mal sabia eu que continuaria pesquisando esse processo por quase 10 anos, até o momento!
No ano seguinte (2009), para o Trabalho de Conclusão de Curso, decidir refazer esse trabalho, aprofundando a pesquisa. Pesquisei sobre as pinturas corporais indígenas, sobre o desenho utilizado, que é conhecido por nós como "grega", e sobre o simbolismo da serpente. Percebi que a pintura corporal se relaciona com o símbolo da serpente, apontando para uma transformação, visto que as serpentes mudam de pele. Em outro post vou aprofundar essa relação, e também vou escrever sobre o processo de pintura corporal.
Dessa vez realizamos a pintura no corpo todo. Digo realizamos por que o artista Aldrin Booz já estava me auxiliando nesse processo, ajudando a fazer a pintura, a definir a organização do desenho no espaço, e a captar imagens, since 2008 (Gratidão pela parceria!).
A parte final dessa obra foi realizar a revelação das fotografias em Van Dyck Brown, dessa vez com algodão cru como suporte. Aliás, foi nesse momento que eu aprendi a revelar usando esta técnica. Hoje é engraçado lembrar o quanto me atrapalhei nessa época, mas foi parte do aprendizado.
Serpente I, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown sobre algodão.
52 x 44 cm.
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Serpente II, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown sobre algodão.
52 x 44 cm.
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Até então eu não tinha entendido que é possível trabalhar em um ambiente apenas sombreado; não é necessário usar apenas a luzinha vermelha de laboratório fotográfico. Fiz a aplicação da emulsão no tecido em casa mesmo. Eu havia encapado a lâmpada com camadas de celofane vermelho na tentativa de simular a luz vermelha. Com a luz muito baixa, não enxergava bem o que estava fazendo, e deixei a emulsão respingar bastante nas margens das fotografias - o que foi um acidente, mas eu gostei e incorporei o resultado. Assim foram as primeiras lições do processo rs
Eu queria fazer muitas imagens ao mesmo tempo, o que hoje eu acho inviável. E não gostava de perder tempo fazendo a tira de teste (teste feito para calcular o tempo ideal de exposição à luz), e por isso acabava deixando muitas imagens superexpostas ou subexpostas. É sério, se você quiser fazer fotografia artesanal, faça o teste, para evitar desperdiçar tempo e material. Algumas das imagens eu revelei usando a luz do sol, e nesse caso é mais difícil precisar o tempo de exposição à luz, pois a intensidade varia durante o dia. Dessa forma o controle sobre o processo é menor.
Serpente III, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown sobre algodão.
52 x 44 cm.
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Serpente VI, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown sobre algodão.
52 x 44 cm.
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Também apareceram algumas manchas, talvez porque o suporte ainda estivesse um pouco úmido quando foi exposto à luz. O Van Dyck Brown pode ser bem temperamental, principalmente quando a pessoa não tem experiência, e acaba sendo desatenta...
Serpente IV, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown
sobre algodão.
44 x 52 cm.
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Serpente V, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown
sobre algodão.
44 x 52 cm.
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Serpente VIII, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown
sobre algodão.
44 x 52 cm.
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Serpente VII, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown
sobre algodão.
44 x 52 cm.
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Mas, mesmo com esses "contratempos", esta foi a primeira série que revelei e tive bons resultados. E principalmente, Serpente abriu esse caminho para minha produção, me deu uma mostra do potencial da fotografia artesanal, e trouxe essa vontade de conhecer, de pesquisar e criar mais.
Serpente IX, Amanda Branco, 2009. Van Dyck Brown sobre algodão.
52 x 44 cm.
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