terça-feira, 29 de novembro de 2016

Pintando!

Detalhe da pintura.



















Quem me acompanha no Facebook viu que postei recentemente vídeos de processo de pintura. Como você pode ver, eu não trabalho apenas com fotografia. Na verdade, fotografia e pintura são apenas diferentes formas de produzir imagens; e eu não me identifico como pintora ou fotógrafa, mas sim como artista. 
Estava há bastante tempo sem pintar, e esse ano foi bem estranho devido a uma tendinite que dificultou fazer trabalhos manuais.  Então, conseguir retomar esse trabalho, me sentindo bem melhor agora, ainda que com alguma dificuldade, é muito gratificante!
Primeira demão de tinta, bem aguada, para demarcar um
esboço das cores


























Essa pintura, feita com tinta acrílica, foi realizada para a exposição coletiva Nós Mulheres, apenas com artistas mulheres, a convite da Mary D., do Family Art br. Achei um bom momento para voltar ao desenho e à pintura. E também uma oportunidade para abordar o tema do sagrado feminino. 
Pensava nas mudanças ocorrendo entre mulheres, questionando algumas coisas que eram feitas de modo automático, e enfim conseguindo quebrar alguns padrões opressores, que de alguma forma iam contra sua natureza. Questionamentos de padrões de beleza, padrão de corpo, de cabelo, de comportamento. Sua natureza e criatividade podem agora fluir de forma mais livre, mais plena.

Chegando mais próximo da tonalidade geral da pele.
Meu "godê" todo misturado. Nem lembrava, mas foi feito reaproveitando uma
embalagem de ovos rs.







































Desde o início eu pensei em tons verdes e alaranjados para esta tela. A pele amarelo esverdeada acabou surgindo naturalmente. Para mim é bastante natural trabalhar com cores, na forma de tinta. Misturar as tintas e harmonizar as cores é prazeroso. Quando fiz o curso de desenho e pintura (lá em 2003...) aprendi a criar a sombra de um objeto com a cor complementar à sua. Brincar com isso e deixar as sombras coloridas, vibrantes, traz resultados visualmente ricos.
O nu é um tema que eu venho trabalhando há tempos, em desenho, pintura e também na fotografia. Busco representar as pessoas despidas de máscaras, rótulos, status. Sem as roupas é difícil identificar profissão, cultura, e até a época. Assim se sobressai o humano.
Os padrões geométricos fazem parte da minha obra, criando ritmos hipnóticos. Desde que comecei a estudar grafismos indígenas, comecei a incluir padrões geométricos em diversas obras. Para mim é interessante por que o geométrico é o produzido pelo homem, pela cultura, contrastando com as formas orgânicas do corpo, domínio da natureza.

Mesa de trabalho com a pintura já finalizada. No caderno está o esboço inicial
para essa obra. A composição é praticamente a mesma.




















É uma imagem bem dinâmica e vibrante, ainda que a figura aparente estar parada. A pose, inspirada no yoga, é de força e equilíbrio. Bem necessário para quem procura desenvolver-se e evoluir.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Van Dyck Brown

imagens da série Serpente. Van Dyck Brown sobre papel, 2010.

















De volta aos processos, hoje vou apresentar a técnica de fotografia que foi a primeira que experimentei, lá na graduação, em 2008. É o Van Dyck Brown, ou Marrom Van Dyck.
Remonta ao fim do século XIX, e seu nome vem da tonalidade das fotografias,  muito parecida com o marrom usado pelo pintor flamengo Van Dyck (1599-1641), como você pode ver na selfie abaixo. 
Self Portrait, Anthony van Dyck.
imagem do site https://commons.m.wikimedia.org


























Experimento em fotograma, Amanda Branco. 2014. 
Van Dyck Brown sobre tecido



















Por causa dessa tonalidade, o processo produz imagens particularmente bonitas.
Foi com esta técnica que realizei as imagens da série Serpente, que foi o meu Trabalho de Conclusão de Curso na graduação.
Serpente V, Amanda Branco. 2009. 
Van Dyck Brown sobre tecido.


























O processo que segui foi o indicado no livro Fotografia Pensante, de Luiz Monforte. É uma versão simplificada do processo original, que você pode conferir aqui. É parecido com o que expliquei nesse post: a solução fotossensível é à base de nitrato de prata, e é aplicada no papel com um pincel. Depois o papel é seco e exposto à luz, e então passa por um banho revelador, um banho fixador, e por fim uma lavagem com água. 
A propósito, não confunda com as fotografias em sépia, comuns no começo do século XX. A sépia é um tipo de viragem feita na fotografia pb já revelada, e não um processo de revelação da imagem.
A série Serpente, ilustrada aqui, é bastante significativa para a minha produção. Em breve escrevo mais sobre ela.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sobre a importância de ler imagens

O post de hoje é diferente. Saio um pouco do campo específico da Arte para falar sobre imagens de uma forma mais geral, sobre a linguagem visual. O tema é bem extenso, e este post é apenas uma introdução.
Vivemos mais do que nunca rodeados por imagens. Tiramos selfies, vemos fotografias nas redes sociais, no noticiário, na publicidade. Essas imagens sempre trazem consigo mensagens, que podem ser mais ou menos objetivas. Mesmo sem percebermos, essas mensagens chegam até nós. E é importante prestar atenção na mensagem contida nas imagens, para poder fazer uma leitura crítica delas, e até para filtrar um pouco esse contingente de informação que chega até nós diariamente. 
As imagens são algo muito poderoso. Elas contam histórias, e ouvir histórias é uma necessidade do ser humano; a tradição é feita com histórias. Elas criam significado e nos ajudam a entender o mundo em que vivemos, e as situações que nós vivemos. 


Pintura rupestre do Parque Nacional da 
Serra da Capivara. 
Foto do site www.suapesquisa.com
Na pré história, a relação do homem com as imagens, até onde sabemos, era a da magia. É a hipótese mais provável. As pinturas pré-históricas tinham uma função prática, para concretizar ações, como a caça, a proteção contra maus espíritos, entre outras coisas. 
E ainda hoje existe um resquício dessa função mágica da imagem em nossa mente. Na faculdade de Artes, eu li aquela bíblia chamada A História da Arte, de Gombrich. No primeiro capítulo aparece um exemplo ótimo para mostrar como a nossa relação com as imagens não é assim tão racional como supomos: imagine pegar o jornal de hoje (de papel ainda, que o livro é de 1950) e recortar o retrato do seu "campeão favorito" (também pode ser a fotografia de uma pessoa querida). Você sentiria prazer em furar os olhos dessa imagem com uma agulha? A sensação seria exatamente igual se você fizesse furos em outra parte do jornal? Pois é, a gente sabe que nada vai acontecer com a pessoa retratada, mas não deixa de ser desconfortável.
Então é preciso pensar no que as imagens que chegam até nós estão transmitindo. Sabemos que a publicidade, por exemplo, vende muito mais do que produtos; vende ideias, estilo de vida. Uma fotografia, apesar de parecer uma representação fiel da realidade, não é uma imagem neutra, isenta de interpretação. 
A pose do retratado pode trazer diferentes interpretações; assim como o ângulo de visão. Quando a fotografia é tirada de um ponto um pouco acima da pessoa retratada, essa sutileza faz com que estejamos acima dela quando vemos o retrato. Como resultado, a pessoa pode parecer menor, inferior, em uma posição a ser julgada. Da mesma forma, se o retratado é visto um pouco acima de nós, pode passar a ideia de poder, de grandeza. Isso aparece bastante no cinema e nas histórias em quadrinhos.


Cena do filme O Poderoso Chefão. A câmera baixa enfatiza a posição
de poder 
do persnonagem.

Página da HQ Sin City, de Frank Miller. À esquerda, câmera alta, mostrando 
vulnerabilidade. À direita, câmera baixa, evidenciando o poder. Este também
é o ângulo que as personagens estão se vendo, o que faz o expectador
ter a visão do possível opressor e do oprimido, sucessivamente.
























Quando o corpo de uma mulher aparece recortado, em close, e tudo o que importa são suas formas e seu apelo, está retratado como um produto (e essa é só uma das formas em que a mulher aparece como produto). E se aparece assim tantas e tantas vezes, fica a sensação de que isso é normal. Se, ao contrário, a mulher for retratada como sujeito, será valorizado o que ela pensa, o que sente, a que aspira. Essa é a diferença fundamental.
Peça publicitária da Skol. A marca já em histórico de publicidade que 
objetifica as mulheres.




















Publicidade do perfume Paco Rabanne. Imagem do homem em 
uma posição de poder (mas também com tendencia a 
objetificação...)



























Vale lembrar que na publicidade a representação do homem também tende a ser estereotipada, como o provedor, dominador ou agressivo. Mas felizmente aos poucos têm surgido empresas buscando fazer diferente.
Esses são apenas alguns exemplos de tipos de representação que são comuns atualmente. Muitos outros aspectos podem ser analisados, como o que as pessoas estão fazendo, qual a sua função, a sua posição... Observe as capas de revistas, as imagens dos jornais, da publicidade, dos filmes e seriados. O que elas dizem para você? Com isso os meios de comunicação estão sendo éticos? Estão buscando mudanças ou reforçando estereótipos nocivos?
Em artes as mensagens tendem a ser menos objetivas. É característica da arte ser mais aberta a interpretações, com possibilidades de significados diversos. Ainda assim, as mensagens estão presentes, podendo ou não alcançar o espectador. Como artista, eu me preocupo com as mensagens que estou transmitindo. Por isso existem conteúdos específicos que coloco nas obras que produzo. Questões como a introspecção, o encontro consigo mesmo, a harmonia com o ambiente, tem aparecido em meu trabalho. 
Serpente III, Amanda Branco. Van Dyck sobre algodão. O corpo aqui não é 
objeto, mas parte do sujeito, e meio de auto expressão.





















Para complementar essa reflexão, eu gostaria de recomendar: 
Este trecho do filme Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho. É um video curto e fácil de entender. Aqui, o escritor José Saramago e o cineasta Wim Wenders dão depoimento sobre a importância das imagens. 
-Para quem quiser se aprofundar no assunto, o livro Modos de Ver, de John Berger. O livro mostra a influência da tradição da pintura nas imagens da publicidade; e como os valores  reaparecem contemporaneamente. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

L.O.T.E., e Mais Cianótipo

Montagem da exposição.

























Amanhã, 6 de setembro (terça-feira), é a vernissagem da mostra  L.O.T.E. - Lugar, Ocupação, Tempo, Espaço. É um evento que acontece no Instituto de Artes da Unesp, realizado pelo Grupo de Pesquisa coordenado por Agnus Valente -meu orientador do mestrado-, José Spaniol e Sérgio Romagnolo. A mostra conta com o trabalho de estudantes do Instituto de Artes, egressos e também estudantes de outras universidades.
A proposta é dividir o espaço interno e externo do Instituto em lotes, e cada participante pode ocupar com ações ou produções livres.
Participo da mostra com três fotografias em cianótipo, que fazem parte da série Circense.  São diferente das do post anterior, pois uma fotografia artesanal nunca é igual à outra. Nestas imagens da mostra eu brinco mais com a pincelada ao aplicar a emulsão, enfatizando o fazer artesanal. Uma das fotografias expostas apresenta resultados inesperados, com manchas amareladas. Esse "erro" do processo cria novos significados.
O personagem fica menos visível, e a imagem ganha mistério, interesse. A fluidez da pincelada e a falta de controle do resultado final são amostras do que pode ser trabalhar com fotografia artesanal. Os químicos e papel podem ter vontade própria, a luz pode variar. Podemos contornar os imprevisto, tentar novamente, aprender (muito) com os erros, mas também podemos aceitar de bom grado o imprevisto, a mancha, a história daquela fotografia em particular.



L.O.T.E. 2016
Instituto de Artes da UNESP câmpus São Paulo
Rua Bento Teobaldo Ferraz, 271, Barra Funda (Literalmente ao lado da estação Barra Funda)
06/09 a 22/0
Vernissage: 06/09 - 19h
Com Apresentação do grupo musical Voliere, com Leo Arruda (bateria); Bernardo Brasil (baixo e vocal); e João Elbert (guitarra)
Finissage: 22/09 - 19h
Com apresentação do grupo musical Quintal.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Cianótipo e o Ensaio Circense

Para mostrar os processos fotográficos artesanais, escolhi começar com o cianótipo.
O cianótipo é uma das técnicas mais fáceis de fazer, pois só precisa de dois químicos, e a revelação é
feita em água corrente. Basicamente a substância fotossensível é uma mistura de soluções de ferricianeto de potássio e citrato de ferro amoniacal. Essa mistura tem cor amarelo claro,  mas o resultado final é em tons de azul.
Porém, por conta de algum mistério, quando eu preparo com os químicos que comprei, a cor da mistura já é azul bem escuro. Convido aqui o leitor que souber o porquê a deixar um comentário...eu realmente quero descobrir!
Prosseguindo, esse papel sensibilizado é exposto à luz em contato com o negativo. Nesse caso, praticamente só a luz do sol resolve...outras fontes de luz são fracas!  Posteriormente, a imagem é revelada em água corrente. Depois o papel é seco, concluindo o processo. Para quem quiser se aventurar, a receita está bem explicadinha aqui no Alternativa Fotográfica.
Ensaio Circense I, 2012. Cianótipo sobre papel.


















O Ensaio Circense foi feita com esta técnica. A captação das imagens foi feita com uma toy câmera. Realizei o ensaio com o Alan Quinquinel, meu colega nos tempos da faculdade de Artes na Unesp. Depois ele começou a se dedicar às artes do corpo, o que ele faz muito bem!
Naquele dia nos encontramos por acaso no circo do Instituto de Artes. Eu estava com uma câmera Lomo, e pedi para fotografar enquanto ele praticava. A iluminação estava baixa para fotografar com câmera de brinquedo, era ambiente interno, eu só tinha um filme ASA 200, e estava sem flash. Trabalhar com duplas exposições (como mostrei no post Começando) foi uma forma de contornar o problema da iluminação, e gerou resultados mais interessantes do que se eu estivesse trabalhando nas condições ideais de  iluminação.
Ensaio Circense II, 2012. Cianótipo sobre papel.

























Em alguns momentos as duplas exposições revelam a passagem do tempo, mostrando posições consecutivas no espaço, e em outros, é a câmara que muda de posição, criando possibilidades diversas, posições opostas.
O trabalho corporal do Alan combinou com as experimentações na composição. Criamos leveza nessas imagens, de um ser transparente, flutuante, brincando e se expressando com o corpo.
Ensaio Circense III, 2012. Cianótipo sobre papel.

Ensaio Circense IV, 2012. Cianótipo sobre papel.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Mas afinal, o que é fotografia artesanal?

Quando as pessoas vêem meu trabalho, me perguntam como eu “imprimo” as fotos. Na verdade não é  uma impressão, e sim revelação.
Animus, 2013. Variação de cianótipo com viragem de chá preto sobre papel.




















Para entender o que é fotografia artesanal, precisamos relembrar o que é um papel fotográfico. O papel fotográfico é um papel produzido industrialmente, que tem uma superfície coberta por uma camada de emulsão sensível à luz. Essa substância é uma gelatina combinada a sais fotossensíveis.
Quando esse papel é exposto à luz (por exemplo, a luz do ampliador em um laboratório), as partes que receberam luz reagem, e as partes que não receberam luz não reagem. O papel continua branco, mas quando é mergulhado na solução do banho revelador, a imagem começa a aparecer.
Quem já teve experiência em laboratório fotográfico sabe que esse processo é meio mágico. Por mais que estejamos acostumados às facilidades da tecnologia digital, ver a imagem surgir no papel é outra história! 

Depois do banho revelador, o papel é mergulhado em um banho interruptor e depois no fixador. Por ultimo, o papel é lavado em água corrente. Esse é o processo para revelar uma imagem no papel fotográfico PB.
Quando estamos falando de fotografia artesanal, o processo é parecido. Mas, em vez de usar o papel fotográfico, o artista/fotógrafo usa um papel comum, e aplica manualmente uma emulsão fotossensível. Outra aspecto é que não há ampliação, então a imagem final será do mesmo tamanho do negativo/matriz.
A Praia, 2012. Goma bicromatada sobre papel.






















Ensaio Circense II, 2012. Cianótipo sobre papel.




























Para as minhas fotos, eu preparo a emulsão com os químicos e depois aplico em um papel (geralmente papel de aquarela, que absorve sem ficar encharcado). Depois de seco, coloco em cima do papel o negativo da imagem a ser feita (pode ser um fotolito, ou uma imagem impressa em uma transparência) e por cima uma placa de vidro, que serve para manter o negativo junto ao papel. Esse conjunto vai ser exposto à luz (geralmente a luz do sol), e depois revelado em banho químico, que varia de acordo com a técnica.
Montagem do papel sensibilizado com o negativo e o vidro por cima.



















Como o processo é artesanal, é bastante impreciso. As tonalidades podem ficar diferentes de uma cópia para outra, pode ficar mais ou menos escura, mais ou menos contrastada. Tudo isso faz parte da aventura de trabalhar com fotografia artesanal: uma imagem nunca fica igual à outra.
Existem diversas técnicas de fotografia artesanal; eu já realizei trabalhos com Van Dyck Brown, Cianotipia e Goma Bicromatada. Em breve escreverei sobre cada uma.

Para quem quiser se aprofundar no assunto, recomendo o livro Fotografia Pensante, de Luiz Monforte, que traz as "receitas" dos processos alternativos de fotografia. O livro está esgotado faz tempo, mas vale a pena procurar em sebos e bibliotecas. O blog Alternativa Fotográfica também tem um bom conteúdo, com as experiências de Fabio Giorgi.
Fotografia Pensante, o livro que foi o meu guia para começar.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Um pouco sobre filmes

Para mostrar um pouco mais do processo das fotografias do primeiro post, trago aqui o resultado do cromo revelado em processo cruzado. 
Filme do tipo cromo revelado como negativo.





















Filme 120 e filme 35mm, escaneados.






















Contra luz dá para ver bem os detalhes, até pelo fato de ser de médio formato (filme 120). Como aparece na imagem acima, o médio formato é diferente do de 35 mm, que era mais comum até a popularização da fotografia digital. O médio formato é maior e não tem os sprockets, os furinhos. Os filmes 35 mm eram originalmente usado no cinema, e os furinho eram úteis para movimentar o filme durante a projeção.
As Toy Cameras Diana, de médio formato, e a Diana Mini, de 35 mm.


















Trabalhar com filme é um pouco nostálgico. Até uns 15 anos atrás, era a norma para fotografar. A gente não via o resultado na hora, era necessário terminar o rolo e levar pra revelar...o que poderia demorar! Mas era uma boa experiência, principalmente na hora de ver as fotos. Às vezes, meses depois de serem feitas.
Deixo claro aqui que não quero ignorar o avanço da fotografia digital. Eu adoro a praticidade de fotografar com o meu celular, e não acho que todos deveriam voltar a usar câmeras analógicas. Só espero que o filme continue sendo uma opção por bastante tempo ainda. Entre 2 e 8 anos atrás, aproximadamente, houve uma moda dessas câmeras de brinquedo, como as Lomo, o que levou bastante gente a se interessar por fotografia analógica. Buscavam aprender a técnica ou fotografar de forma bem experimental. 
Atualmente tem sido cada vez mais difícil encontrar onde comprar e revelar, e  muitas pessoas mais jovens  nem conheceram a fotografia além do  digital. Alguns meses atrás, minha sobrinha de 6 anos pegou uma das minhas câmeras analógicas e veio me perguntar, curiosa, como é que eu conseguia usar aquela câmera, que não tinha uma telinha atrás. Foi a oportunidade para ela conhecer o filme!
Filmes 120 e 35mm


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Começando

Olá, meu nome é Amanda Branco, sou artista visual e inauguro este blog para compartilhar minhas experiências em Arte e Fotografia, além de mostrar alguns artistas e fotógrafos que admiro e que me influenciam de alguma forma.


Série Paraty, 2012. Fotografia feita em processo cruzado.
As manchas avermelhadas são vazamentos de luz, provavelmente na hora
 de colocar ou tirar o filme da câmera
Há algum tempo venho produzindo imagens de forma mais experimental, com técnicas artesanais e também com câmeras analógicas rudimentares. Para começar, quero mostrar um pouco do meu trabalho com toy cams, "câmeras de brinquedo".

Algumas destas câmeras são menos automatizadas e abrem mais espaço para a criação no momento do clique. Lembrando que a câmera é instrumento, a criatividade está no fotógrafo.
As imagens abaixo foram feitas com dupla exposição: expondo duas vezes o mesmo frame antes de avançar o filme, ou avançando parcialmente o filme para fazer o segundo clique.
São panoramas da paisagem de Paraty, tomadas à beira mar. As cores estão "desequilibradas" porque o filme era do tipo cromo e foi revelado como negativo (processo cruzado). Nesse caso, gerou tons mais quentes e vibrantes.
Eu particularmente gosto muito da transparência nessas imagens; ela cria leveza, pelo ato de quebrar as regras e brincar um pouco com a câmera, e também por apontar para uma impermanência das coisas.




Série Paraty, 2012. Fotografia feita em processo cruzado.
Essas três imagens feitas com dupla exposição.